FórumItem de Terceiros enviado para Conserto em Terceiros
Vanessa Gonçalves perguntou há 3 anos

Bom dia!
A empresa que trabalho tem como atividade, entre outras, comércio de máquinas e equipamentos para veículos pesados, bem o como serviço de manutenção e reparo destes em oficina própria.
Descrevo abaixo duas situações relacionadas ao controle do poder de terceiros e gostaria de orientações de como devemos proceder:
 
01) O cliente remete item de sua propriedade para conserto em nossa filial. O item é recebido e seu estoque é controlado sob o indicador 2 (estoque de terceiros em posse do informante), porém este item deve seguir para filial apropriada, que possui oficina especializada no reparo necessário. Qual operação devemos utilizar no envio desse item a outra filial do grupo (seja esta dentro ou fora do Estado), considerando que para fins de controle de estoque, toda movimentação do item dentro das filiais do grupo deve ser tratada sob o indicador 2? Como fica o ICMS?
 
02) O cliente remete item de sua propriedade (adquirido em nossa empresa) para conserto em nossa filial. Igualmente ao caso anterior, o item é recebido e seu estoque é controlado sob o indicador 2, porém neste caso é necessário remeter o item para conserto no fabricante, ou seja, seria um item de terceiros indo para conserto em terceiros, pois não se trata de uma empresa do grupo. Como proceder com essa remessa? Qual operação será utilizada? E quanto ao ICMS e controle de estoque, já que o item não é mais de propriedade da empresa que estaria remetendo ao conserto?
 
Agradeço antecipadamente.

1 Respostas
Jorge Campos Staff respondeu há 3 anos

Vanessa,

 

Você tem 2 cenários a remessa para conserto e a intermediação de remessa para conserto.  Num cenário de 27 UFs, vc não definir aonde ocorre estas operações fica difícil responder, mas, seguem duas respostas da SEFAZ SP, que dá uma noção da tratativa para este cenário.

 

abs

 

 

RESPOSTA À CONSULTA TRIBUTÁRIA 22533/2020, de 12 de fevereiro de 2021.
Disponibilizado no site da SEFAZ em 13/02/2021

Ementa
ICMS – Conserto de bem do ativo imobilizado pertencente a contribuinte do ICMS – Não incidência do imposto nas operações de remessa e retorno – Aquisição de partes e peças, pelo proprietário do bem, e remessa direta do fornecedor paulista ao estabelecimento prestador do serviço de conserto ou reparo, também paulista.
I. O ICMS não incide sobre a remessa para conserto de bens de usuário final, integrantes do seu ativo imobilizado, bem como sobre a remessa e o retorno de partes e peças adquiridas pelo proprietário do equipamento para serem empregadas no referido conserto (artigo 7º, incisos IX e X, do RICMS/2000).
II. Por regra, a caracterização da venda à ordem pressupõe que os estabelecimentos envolvidos pertençam a três titulares distintos, com a realização de duas operações de venda. Contudo, ante a inexistência de previsão específica na legislação tributária e a ausência de prejuízo à fiscalização ou à arrecadação, o proprietário de máquina ou equipamento enviado para conserto pode, por analogia e com as devidas adaptações, valer-se da disciplina da venda à ordem (artigos 129, §§ 2º e 3º, do RICMS/2000) para operacionalizar a aquisição de partes ou peças a serem empregadas no conserto e a sua remessa do fornecedor diretamente ao prestador do serviço, sem trânsito por seu próprio estabelecimento, desde que todos os envolvidos estejam localizados em território paulista.
III. O vendedor-remetente (fornecedor) emitirá duas Notas Fiscais: uma em favor do estabelecimento destinatário (contratado para a execução do serviço), para acompanhar o transporte do material adquirido para ser empregado no serviço, sem destaque do imposto, identificando a operação como “Remessa por Ordem do Adquirente”; e outra em favor do estabelecimento adquirente-comprador (contratante), com destaque do valor do imposto devido (“Remessa Simbólica”) pela alíquota interna.
IV. Considera-se interna a operação pela qual o fornecedor paulista remete mercadoria diretamente a destinatário localizado no estado de São Paulo, por conta e ordem de adquirente original estabelecido em outra unidade da Federação.
V. O adquirente-comprador paulista deverá emitir uma Nota Fiscal (“Remessa Simbólica de bem para conserto ou reparo”) referente à remessa simbólica do material para o local em que o serviço será executado, sem destaque do valor do imposto, em razão da não incidência do artigo 7º, inciso IX, do RICMS/2000.

Relato

1. De acordo com o enquadramento de sua atividade principal na Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), a Consulente, estabelecida no estado de São Paulo, dedica-se à “fabricação de máquinas e equipamentos de uso geral não especificados anteriormente, peças e acessórios” (código CNAE 2829-1/22), entre outras atividades secundárias. De modo mais preciso, segundo informa, fabrica redutores e engrenagens.
2. A Consulente cita os artigos 7º e 129 do Regulamento do ICMS (RICMS/2000) e relata que recebe máquinas e equipamentos para conserto, em operações promovidas por clientes estabelecidos nos estados de SP, RJ, MG, AL, PE, ES e GO, entre outros. Os bens pertencem ao Ativo Imobilizado de contribuintes do ICMS, não serão objeto de posterior operação de saída tributada pelo ICMS e são remetidos ao estabelecimento da Consulente com a emissão de Notas Fiscais de CFOPs 5.915/6.915 (“Remessa de mercadoria ou bem para conserto ou reparo”). O conserto não é feito por contrato de garantia.
3. Em seguida, e na maior parte das vezes, a Consulente relata receber, dos próprios clientes, rolamentos que serão por ela acoplados nas máquinas e nos equipamentos. Em outras situações, os rolamentos lhe são remetidos diretamente do estabelecimento de fornecedor paulista, por conta e ordem dos clientes (adquirentes dos rolamentos), em operação que denomina triangular.
4. Diante da situação descrita, a Consulente formula as seguintes perguntas:
4.1. A operação praticada entre o cliente da Consulente e a Consulente, relativa à remessa dos redutores, está correta?
4.2. As remessas de rolamentos, promovidas por clientes da Consulente para que sejam acoplados a redutores remetidos para conserto, estão amparadas por isenção/suspensão do ICMS?
4.3. A remessa de rolamento em operação triangular, enviado diretamente pelo fornecedor para a Consulente, por conta e ordem do cliente da Consulente (adquirente do rolamento), enquadra-se na disciplina de venda à ordem, descrita no artigo 129 do RICMS/2000? Em caso afirmativo, é correto afirmar que o cliente da Consulente deverá emitir Nota Fiscal de remessa simbólica do rolamento à Consulente, fazendo constar, no quadro “Dados Adicionais” da Nota Fiscal, que a mercadoria deverá ser entregue por sua conta, bem como os números da Nota Fiscal a ser emitida pelo fornecedor e da Nota Fiscal emitida pela Consulente para acompanhar a remessa das máquinas e equipamentos enviados para conserto?
4.4. Que CFOP o cliente da Consulente deve utilizar ao remeter rolamentos para serem acoplados aos redutores? E em relação às remessas feitas diretamente pelo fornecedor ao estabelecimento da Consulente?

Interpretação

5. De acordo com a norma do inciso VIII do artigo 4º da Lei 6.374/1989, o ICMS não incide sobre operações de saída de máquinas e equipamentos, inclusive suas partes e peças, com destino a outro estabelecimento para conserto, desde que os bens posteriormente retornem ao estabelecimento de origem. O inciso IX do mesmo artigo dispõe que o imposto também não incide sobre o retorno desses bens ao estabelecimento de origem.
6. Dessa forma, não se sujeitam à incidência do ICMS a remessa, promovida por cliente da Consulente a partir de seu próprio estabelecimento, de rolamentos que serão utilizados (acoplados) no conserto de seus equipamentos e máquinas. A Nota Fiscal será emitida pelo cliente com o CFOP 5.915/6.915 (remessa de mercadoria ou bem para conserto ou reparo).
7. No que se refere ao conserto de bens com o fornecimento de partes e peças por intermédio de fornecedor paulista, no qual o cliente da Consulente adquire a parte ou peça (rolamento) de fornecedor paulista que a remete diretamente ao estabelecimento da Consulente para ser usada no conserto de máquinas e equipamentos (redutores), sem trânsito pelo estabelecimento adquirente, deve-se registrar que a legislação tributária não disciplina essa hipótese específica. O artigo 129 do RICMS/2000, mencionado pela Consulente, trata dos procedimentos ligados a vendas à ordem ou para entrega futura.
8. A rigor, conforme entendimento já emanado deste órgão consultivo em outras oportunidades, a venda à ordem disciplinada no artigo 129, § 2º, do RICMS/2000 pressupõe a existência de duas vendas sucessivas envolvendo três titulares distintos, embora haja uma única remessa física de mercadoria, do vendedor remetente ao destinatário, por conta e ordem do adquirente original.
9. Assim, por regra, em situações como a apresentada, o adquirente das mercadorias (cliente da Consulente) teria de recebê-las fisicamente em seu estabelecimento para, em seguida, encaminhá-las ao estabelecimento do prestador de serviço de reparo (ainda que ao abrigo da não incidência do ICMS, conforme artigo 7º, inciso IX, do RICMS/2000). Conforme as peculiaridades de cada caso, tal procedimento pode não se revelar prático nem econômico.
10. Dessa forma, nas hipóteses em que comprovadamente não haja prejuízo à atividade fiscalizatória ou ao erário, ante a falta de previsão legal, não há óbice para que se estabeleça procedimento específico, conforme já efetuado por este órgão consultivo em outras situações semelhantes, cujas referenciadas hipóteses devem ser analisadas caso a caso.
11. Assim, considerando o exposto, na situação aqui apresentada (fornecedor e contratante do serviço de reparo contribuintes e estabelecimento prestador paulista), os clientes da Consulente poderão valer-se da disciplina de venda à ordem para que remetam as partes e peças diretamente do estabelecimento do fornecedor ao local onde será realizado o conserto de seus equipamentos e máquinas, com as devidas adaptações.
12. No caso de o adquirente-comprador (cliente da Consulente) ser paulista, ele deverá emitir Nota Fiscal em favor da Consulente, prestadora de serviço, sem destaque do valor do imposto, nos termos do artigo 7º, inciso IX, do RICMS/2000 – haja vista tratar-se de remessa simbólica de parte ou peça de sua propriedade a ser utilizada em conserto de bem pertencente ao seu Ativo Imobilizado. Nesta Nota Fiscal, devem constar, entre outros requisitos previstos na legislação, o nome do titular, o endereço e os números de inscrição, estadual e no CNPJ, do estabelecimento que irá promover a remessa (fornecedor dos rolamentos). Devem ser utilizados o CFOP 5.915 (Remessa de mercadoria ou bem para conserto ou reparo) e, no campo reservado à natureza da operação, a expressão “Remessa simbólica de mercadoria ou bem para conserto”. Além disso, recomenda-se, por cautela, que no campo de informações adicionais seja especificado que se trata de remessa de partes e peças a serem utilizadas no serviço de conserto de bem de propriedade do emitente e, ainda, o número de protocolo desta consulta (Consulta Tributária 22533/2020).
12.1. Já no caso de o adquirente estar estabelecido fora do estado de São Paulo, em respeito ao princípio da territorialidade, pelo qual as normas da legislação tributária paulista e os entendimentos decorrentes são, em regra, aplicáveis apenas dentro de seu território, recomenda-se que seja levado ao Fisco da unidade da Federação o questionamento a respeito da possibilidade de o adquirente emitir Nota Fiscal nos moldes descritos no item anterior, tal como poderia ser feito por um adquirente paulista.
13. Pelo vendedor-remetente (fornecedor), contribuinte paulista do ICMS, deverão ser emitidas duas Notas Fiscais, da seguinte forma:
13.1. Uma, em favor do destinatário prestador do serviço (Consulente), para acompanhar o transporte da mercadoria, sem destaque do valor do imposto, na qual, além dos demais requisitos, constarão: como natureza da operação, a expressão “Remessa por Ordem de Terceiro”, o número de ordem, a série e a data da emissão da Nota Fiscal emitida pelo adquirente (cliente), bem como o nome, o endereço e os números de inscrição, estadual e no CNPJ, do adquirente. Deve-se utilizar o CFOP 5.923 (remessa de mercadoria por conta e ordem de terceiros, em venda à ordem). Por cautela, recomenda-se, ainda, informar o número de protocolo desta consulta.
13.2. Outra, em favor do adquirente (cliente da Consulente), com destaque do valor do imposto pela alíquota interna (em regra, a indicada no inciso I do artigo 52 do RICMS/2000), na qual, além dos demais requisitos, constarão: como natureza da operação, a expressão “Remessa Simbólica”, o número de ordem, a série e a data de emissão da Nota Fiscal emitida para acompanhar o transporte da mercadoria (mencionada no item anterior), bem como o número de ordem, a série e a data de emissão da Nota Fiscal emitida pelo adquirente. Deve-se utilizar o CFOP 5.118 (venda de produção do estabelecimento entregue ao destinatário por conta e ordem do adquirente originário, em venda à ordem) ou 5.119 (venda de mercadoria adquirida ou recebida de terceiros entregue ao destinatário por conta e ordem do adquirente originário, em venda à ordem), conforme o caso. Além disso, deverá referenciar a Nota Fiscal emitida no subitem anterior (item 13.1.). Por cautela, também, recomenda-se informar o número da presente resposta.
13.2.1. Ainda em relação à Nota Fiscal a ser emitida em favor do adquirente, vale acrescentar que, mesmo se o adquirente dos rolamentos (cliente da Consulente) estiver estabelecido em outra unidade da Federação, se a mercadoria for remetida pelo fornecedor diretamente a um destinatário paulista, conforme entendimento já reiteradamente manifestado, a operação será considerada interna, pois a circulação física terá ocorrido totalmente dentro do estado de São Paulo (artigo 23, § 3º, da Lei 6.374/1989). Por esse motivo, a alíquota do imposto deverá ser a interna.
14. Em vista da particularidade da situação, reitera-se que os estabelecimentos envolvidos deverão manter registros e documentação que possam identificar e comprovar as operações praticadas (remessa direta ao prestado de serviço de conserto de material adquirido e retorno do bem consertado direto para terceiros). Com efeito, se chamada à fiscalização, caberá aos estabelecimentos envolvidos a comprovação por todos os meios de prova em direito admitidos da situação fática efetivamente ocorrida. Observa-se, ainda, que a fiscalização, em seu juízo de convicção para a verificação da materialidade da operação, poderá valer-se de indícios, estimativas e análise de operações pretéritas.
15. Com essas orientações, consideram-se respondidas as dúvidas formuladas na consulta.

A Resposta à Consulta Tributária aproveita ao consulente nos termos da legislação vigente. Deve-se atentar para eventuais alterações da legislação tributária.

Resposta à Consulta Nº 19896 DE 16/09/2019

ICMS – Obrigações acessórias – Intermediação do serviço de conserto – Entrada de bem para conserto dentro do período de garantia oferecido pelo fabricante – Substituição do bem defeituoso por um novo – Portaria CAT 92/2001. I. A saída de máquinas e equipamentos, bem como de suas partes e peças, com destino a outro estabelecimento para conserto e restauração, assim como a posterior saída, em retorno ao estabelecimento de origem, estão fora do campo de incidência do ICMS (artigo 7º, inciso IX, do RICMS/2000). II. No conserto ou reparo de bem pertencente a usuário final ocorre a incidência do imposto sobre o fornecimento de peças e partes aplicadas, ainda que a prestação de serviço (mão-de-obra e demais materiais empregados) esteja sujeita ao Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS, de competência municipal. III. O envio de um equipamento novo em substituição a um defeituoso por motivo de garantia significa uma nova operação, cuja saída deverá ser normalmente tributada. IV. A venda dos materiais defeituosos é tributada normalmente pelo ICMS, devendo, nesse momento, ser emitida a correspondente Nota Fiscal.

Ementa
ICMS – Obrigações acessórias – Intermediação do serviço de conserto – Entrada de bem para conserto dentro do período de garantia oferecido pelo fabricante – Substituição do bem defeituoso por um novo – Portaria CAT 92/2001.
I. A saída de máquinas e equipamentos, bem como de suas partes e peças, com destino a outro estabelecimento para conserto e restauração, assim como a posterior saída, em retorno ao estabelecimento de origem, estão fora do campo de incidência do ICMS (artigo 7º, inciso IX, do RICMS/2000).
II. No conserto ou reparo de bem pertencente a usuário final ocorre a incidência do imposto sobre o fornecimento de peças e partes aplicadas, ainda que a prestação de serviço (mão-de-obra e demais materiais empregados) esteja sujeita ao Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS, de competência municipal.
III. O envio de um equipamento novo em substituição a um defeituoso por motivo de garantia significa uma nova operação, cuja saída deverá ser normalmente tributada.
IV. A venda dos materiais defeituosos é tributada normalmente pelo ICMS, devendo, nesse momento, ser emitida a correspondente Nota Fiscal. Relato
1. A Consulente, no exercício da atividade principal de “comércio a varejo de peças e acessórios novos para veículos automotores” (Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE 45.30-7/03), e das atividades secundárias de “fabricação de material elétrico e eletrônico para veículos automotores, exceto baterias” (CNAE 29.45-0/00) e “instalação e manutenção elétrica” (43.21-5/00), ingressa com sucinta consulta relativamente aos procedimentos relacionados no conserto ou substituição quando atua como assistência técnica em equipamentos (aparelhos multimídia veiculares) pertencentes a usuário final, em virtude de garantia.
2. Relata que fornece aparelhos multimídia a montadoras de veículos automotivos, cujo equipamento será incorporado aos automóveis que serão comercializados pelas concessionárias representantes da montadora.
3. Acrescenta que, na hipótese de ocorrer algum problema no aparelho durante o período de garantia oferecido, o consumidor final (não contribuinte do ICMS) procura a concessionária autorizada da marca (contribuinte do ICMS, que pode estar localizada no Estado de São Paulo ou nos demais Estados), que dará a entrada do equipamento em seu estabelecimento. A seguir, essa concessionária desinstala e remove o aparelho do veículo, remetendo-o à Consulente que efetuará a análise técnica e definirá a solução a ser adotada, por meio do conserto ou pela substituição do bem.
4. A seguir, o produto (consertado ou uma nova unidade) é remetido em devolução à concessionária, que efetuará a montagem e instalação no veículo do cliente usuário final, destacando que a montadora do veículo não é parte nessa operação e que, por se tratar de produto em garantia, não há qualquer transação financeira entre a concessionária e a Consulente.
5. Diante do exposto, apresenta dúvida sobre a aplicabilidade, às operações em tela, da não incidência prevista no artigo 7º, inciso IX, do Regulamento do ICMS (RICMS/2000), da suspensão do imposto prevista no artigo 402 do mesmo Regulamento ou do Convênio 129/2006.
Interpretação
6. De plano, visto que a Consulente não informa a descrição e o código do aparelho multimídia e suas partes junto à classificação da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), nem se as saídas do produto estão sujeitas à sistemática da substituição tributária, cumpre informar que não será analisada a substituição tributária eventualmente incidente nas operações ora tratadas.
7. Do relato, depreende-se que a Consulente recebe de concessionárias de veículos aparelhos multimídias veiculares defeituosos, pertencentes a consumidores finais (não à posterior destinação comercial), com a finalidade de reparo ou substituição em garantia. Esses equipamentos defeituosos foram desinstalados e removidos do veículo pelas concessionárias que prestaram atendimento aos proprietários usuários finais do bem na busca da solução do problema, dentro do período de garantia ofertado ao produto.
8. Nesse sentido, a presente resposta adotará a premissa de que, na efetivação da garantia do aparelho multimídia, não há qualquer relação comercial entre a Consulente (fabricante do aparelho) e a montadora do veículo. Portanto, a Consulente não efetua o conserto ou a substituição do bem à ordem da montadora, o que afasta tanto a disciplina do Anexo XII quanto a prevista no artigo 402 e seguintes, ambas do Regulamento do ICMS – RICMS/2000, ao caso em tela, devendo ser aplicada a Portaria CAT 92/2001. Dessa forma, no caso em questão, a concessionária estará atuando, em virtude de garantia, como assistência técnica, serviço autorizado ou oficina credenciada, para manutenção e conserto com substituição de partes e peças, devendo assim, por regra, observar os procedimentos ali discriminados.
9. No entanto, ressalta-se que, embora cabível a Portaria CAT 92/2001 à concessionária recebedora do veículo automotor, no presente caso, na remessa do bem, aparelho multimídia, à Consulente, não é aplicável o artigo 4º da referida norma, tendo em vista que esse artigo pressupõe que a avaliação técnica do aparelho multimídia defeituoso é feita pela concessionária autorizada, com seu conserto ou a substituição integral do equipamento (nova unidade do aparelho multimídia). Assim, a remessa ao fabricante da peça defeituosa que o referido artigo 4º pressupõe é daquela peça não passível de conserto, que não possa ser reintegrada ao bem recebido (no caso, veículo automotor), não lhe sendo, portanto, previsto o retorno de tal peça defeituosa. Diferentemente, conforme relato apresentado, a avaliação técnica do equipamento (aparelho multimídia) é realizada pela fabricante (Consulente), cabendo a ela o conserto e o retorno do mesmo aparelho, ou, na impossibilidade de conserto, a remessa de um novo para substituição do defeituoso, cabendo à concessionária apenas a incorporação dessa nova unidade ao veículo recebido de consumidor final.
10. Portanto, na situação fática em análise, a Consulente (fabricante do aparelho multimídia) avalia o equipamento remetido pela concessionária autorizada, e se depara com duas situações distintas: (i) havendo possibilidade técnica, a Consulente realiza o reparo e, posteriormente, retorna o produto consertado à concessionária, que efetua a montagem e instalação do aparelho multimídia no veículo do cliente, consumidor final; (ii) na impossibilidade de conserto (existência de um defeito insanável), a Consulente substitui o produto, remetendo um aparelho multimídia novo à concessionária, que realizará a instalação no veículo do cliente, consumidor final. Logo, o regramento aplicável à hipótese fática discutida é o de conserto de bem de usuário final, combinado, no que couber, com as disposições da referida Portaria CAT 92/2001.
11. Isso posto, registre-se que a remessa de bens, máquinas e equipamentos, bem como de suas partes e peças, com destino a outro estabelecimento para conserto e restauração, está fora do campo de incidência do ICMS, conforme preceitua o artigo 7º, inciso IX, do RICMS/2000. Dessa forma, por regra, a remessa desse bem com destino ao estabelecimento da Consulente deve estar acompanhada da Nota Fiscal emitida pelo remetente (concessionária), sem destaque do imposto, consignando o CFOP 5.915 (“remessa de mercadoria ou bem para conserto ou reparo”), e o Código de Situação Tributária – CST 41 (não tributada), recomendando que seja mencionado no campo “Informações Complementares” que se trata de uma “operação sem a incidência do imposto, nos termos do inciso IX do artigo 7º do RICMS/2000”.
12. Por conseguinte, a Consulente, ao receber o bem remetido pela concessionária em virtude de conserto ou reparo, deverá escriturar a Nota Fiscal descrita no item 11 acima em seu livro Registro de Entradas, consignando o CFOP 1.915 (“entrada de mercadoria ou bem recebido para conserto ou reparo”), informando que se trata de uma operação sem crédito do imposto, conforme prevê o parágrafo 1º do artigo 2º da Portaria CAT 92/2001, c/c o inciso IX do artigo 7º do RICMS/2000.
13. Recebido o equipamento remetido pela concessionária, feita a análise e verificada a possibilidade de conserto, situação descrita no item 10 (i), cumpre assinalar a ocorrência do fato gerador do ICMS no fornecimento de mercadorias com prestação de serviços “compreendidos na competência tributária dos municípios, mas que, por indicação expressa de lei complementar, sujeitem-se à incidência do imposto de competência estadual”, de acordo com o artigo 2º, inciso III, alínea “b”, do RICMS/2000.
14. Observa-se que o item 14 da Lista de Serviços anexa à Lei Complementar nº 116/2003 trata de “serviços relativos a bens de terceiros” e, no seu subitem 14.01, descreve: “lubrificação, limpeza, lustração, revisão, carga e recarga, conserto, restauração, blindagem, manutenção e conservação de máquinas, veículos, aparelhos, equipamentos, motores, elevadores ou de qualquer objeto (exceto peças e partes empregadas, que ficam sujeitas ao ICMS)”.
15. Dessa forma, no caso de máquina ou equipamento (bem) de usuário final, ocorre a incidência do ICMS somente sobre o fornecimento de peças e partes, conforme expresso na Lei Complementar Federal retro citada, que cuida da incidência do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS sobre o serviço de conserto/manutenção prestado.
16. Neste ponto, é importante esclarecer que somente as peças e partes que são empregadas no conserto/manutenção do aparelho multimídia é que estão afetas ao ICMS. Nessa perspectiva, recorda-se que, nos termos do artigo 37, inciso I, do RICMS/2000, a base de cálculo do ICMS na saída de mercadoria a qualquer título (a exemplo das partes e peças empregadas no conserto/manutenção) é o valor da operação, e, em sua ausência ou na impossibilidade de sua mensuração, o artigo 38 determina os critérios para sua definição.
16.1. Já eventuais insumos empregados e consumidos no processo de prestação de serviço de conserto, estão, juntamente à mão-de-obra, sob a incidência do ISS, de competência municipal.
17. Portanto, efetuado o conserto no bem (aparelho multimídia), previamente ao retorno à concessionária, a Consulente emitirá Nota Fiscal referente às peças e partes fornecidas e aplicadas no conserto, com destaque do ICMS incidente, escriturando esse documento em seu livro Registro de Saídas, nos termos do inciso II do artigo 2º da Portaria CAT 92/2001.
17.1. Com relação a eventual documentação fiscal relativa aos serviços de manutenção e conserto prestados pela Consulente, fabricante, cabe esclarecer que, a depender da legislação municipal, permite-se que a parcela referente a esses serviços prestados seja também informada na Nota Fiscal Eletrônica (NF-e), observado o disposto no artigo 41 da Portaria CAT 162/2008.
18. Quanto à devolução do equipamento consertado, a Consulente deve emitir uma Nota Fiscal de retorno, sem débito do imposto, consignando o CFOP 5.916 (“retorno de mercadoria ou bem recebido para conserto ou reparo”), o CST 41 (não tributada), mencionando também a respectiva Nota Fiscal recebida que acompanhou a remessa inicial para conserto (descrita no item 11). Esse documento fiscal emitido deve ser escriturado no livro Registro de Saídas da Consulente, conforme disciplina prevista no inciso III do artigo 2º da Portaria CAT 92/2001, lembrando que o retorno do bem consertado à concessionária remetente será ao abrigo da não incidência prevista no inciso X, do artigo 7º, do RICMS/2000.
19. Vale lembrar que, o parágrafo 2º do artigo 2º da Portaria CAT 92/2001 permite que as operações descritas nos itens 17 e 18 retro possam ser documentadas por meio de uma única Nota Fiscal, nos termos do artigo 127, parágrafo 19, do RICMS/2000.
20. Por sua vez, a concessionária deve registrar as Notas Fiscais expostas acima (itens 17 e 18) e, de modo análogo, ao proceder a entrega do veículo ao consumidor final, deve emitir as Notas Fiscais referidas nos incisos II e III do artigo 2º da Portaria CAT 92/2001, inclusive realizando o destaque das partes e peças fornecidas pela fabricante (Consulente) no conserto do aparelho, podendo, todavia, se creditar quando do seu recebimento.
21. Relativamente à hipótese descrita no item 10 (ii) retro – impossibilidade de conserto, na existência de um defeito insanável, situação na qual a Consulente substitui integralmente o equipamento, remetendo para a concessionária um aparelho multimídia novo – frise-se que a concessionária remetente, no momento do envio do equipamento ao estabelecimento da Consulente para execução da garantia, o remete ao abrigo da não incidência do artigo 7º, inciso IX, do RICMS/2000, ressaltando que, naquela ocasião, nem a concessionária, nem a fabricante (Consulente), tem o conhecimento de que o bem não apresenta viabilidade de conserto, sendo que, a regra, é de que haja o referido conserto.
22. Nesse contexto, a Consulente, ao receber o bem remetido pela concessionária, em virtude de conserto ou reparo, da mesma forma como descrito no item 12 retro, deverá escriturar a Nota Fiscal descrita no item 11 retro em seu livro Registro de Entradas, consignando o CFOP 1.915 (“entrada de mercadoria ou bem recebido para conserto ou reparo”), informando que se trata de uma operação sem crédito do imposto, visto que o envio do bem para a Consulente ocorreu ao amparo da não incidência, nos termos do artigo 2º, parágrafo 1º, da Portaria CAT 92/2001 c/c artigo 7º, inciso IX, do RICMS/2000.
23. Outrossim, no que se refere aos equipamentos sem possibilidade de conserto e que serão substituídos por unidades novas, informamos que deve ser feita a regularização do estoque da Consulente em virtude de a entrada inicial dos bens ter sido para conserto (a Consulente não informa qual destinação será dada a esses equipamentos). Essa regularização deve ser feita por meio de documento de controle interno, ajustando seus controles a sua maneira e conforme os métodos e modos regularmente aceitos pelas normas contábeis vigentes.
24. Em virtude da garantia oferecida pela Consulente ao cliente usuário final do bem, um novo equipamento será remetido ao seu cliente em substituição àquele com defeito permanente, Dessa forma, cumpre informar que se trata de uma nova saída, ou seja, uma nova operação, não tendo relação com a operação de remessa para conserto, e tampouco com a operação original. Nesse sentido, a Consulente deve emitir Nota Fiscal, destacando normalmente o ICMS incidente, utilizando o CFOP 5.101 (“venda de produção do estabelecimento”). Nesse ponto, recorda-se que, nos termos do artigo 37, I, do RICMS/2000, a base de cálculo do ICMS na saída de mercadoria a qualquer título é o valor da operação, e, em sua ausência ou na impossibilidade de sua mensuração, o artigo 38 determina os critérios de definição da referida base de cálculo.
24.1. De modo análogo, a concessionária deverá escriturar a Nota Fiscal em referência, podendo se apropriar como crédito do imposto destacado e, posteriormente, deverá dar saída tributada do aparelho novo integrado no veículo em substituição, ao abrigo do artigo 2º, inciso II, da Portaria CAT 92/2001.
25. No tocante aos equipamentos defeituosos sem possibilidade de conserto e que passaram a integrar os estoques da Consulente, destaca-se que a sua futura comercialização como sucata ou, eventualmente, como um produto usado, é uma operação normalmente tributada pelo ICMS, devendo, no momento da saída, ser emitida a correspondente Nota Fiscal, conforme artigo 125, inciso I, do RICMS/2000 c/c artigo 40 da Portaria CAT 162/2008.
26. Feitas essas explanações, recorda-se que, se chamada à fiscalização, caberá à Consulente a comprovação por todos os meios de prova em direito admitidos da situação fática efetivamente ocorrida. Nesse contexto, observa-se que a fiscalização, em seu juízo de convicção para verificação da materialidade da operação, poderá se valer de indícios, estimativas e de análise de operações pretéritas.
26.1. Nessa linha, em especial quanto ao afastamento da aplicação do artigo 4º da Portaria CAT 92/2001 pela possibilidade de conserto por parte da fabricante e majoritária possibilidade de retorno à concessionária, lembra-se que, de acordo com o parágrafo único do artigo 116 do Código Tributário Nacional, a autoridade fiscal tem competência para desconsiderar os atos e negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária. Desse modo, se porventura, verificada na situação concreta, que houve a utilização formal de negócios jurídicos com o intuito de encobrir outros, de natureza diversa, e assim suprimir o real fato gerador da obrigação tributária, então, esses serão passíveis de desconsideração pela autoridade administrativa, cabendo, portanto, a autuação de acordo com o fato gerador materialmente praticado.
27. Por fim, ressalte-se que o entendimento aqui exposto é aplicável às operações celebradas no Estado de São Paulo. No tocante à aplicabilidade dos procedimentos ora analisados em operações realizadas pela Consulente com concessionárias veiculares localizadas em outros Estados, recomenda-se o questionamento junto aos Fiscos locais.
A Resposta à Consulta Tributária aproveita ao consulente nos termos da legislação vigente. Deve-se atentar para eventuais alterações da legislação tributária.